Nos últimos anos, o Brasil viu um aumento significativo no número de cidadãos que optaram pelo exílio para escapar de processos judiciais. Este fenômeno é especialmente notável entre jornalistas, influenciadores digitais e até mesmo membros do Judiciário, que se tornou alvo de inquéritos pendentes pelo Supremo Tribunal Federal (STF), segundo a reportagem do ministro Alexandre de Moraes.
Historicamente, regimes autoritários têm utilizado o exílio como uma ferramenta para silenciar críticos e consolidar poder. No Brasil, a situação atual reflete essa prática, com indivíduos sendo obrigados a deixar o país simplesmente por expressarem suas opiniões. Entre os exilados estão figuras conhecidas como a ex-juíza Ludmila Lins Grilo e os jornalistas Allan dos Santos e Rodrigo Constantino.
Allan dos Santos, fundador do portal “Terça Livre”, vive nos Estados Unidos desde 2020. Ele enfrenta processos de calúnia e difamação, entre outras, por suas críticas ao STF. Apesar de um pedido de extradição por parte do Brasil, as autoridades americanas recusaram, citando a proteção da liberdade de expressão.
Ludmila Lins Grilo, ex-juíza, também se refugiou nos Estados Unidos em 2022. Após criticar publicamente o STF, ela foi afastada de sua carga e, posteriormente, aposentada compulsoriamente. Grilo agora utiliza seu exílio para denunciar a situação política brasileira em eventos internacionais.
Outro caso notável é o de Monark, influenciador digital, que se exilou nos Estados Unidos em 2023. Após enfrentar censura e multas por suas críticas ao STF, ele decidiu deixar o Brasil, alegando que a perseguição judicial tornou impossível o exercício seguro de sua profissão .
Os jornalistas Rodrigo Constantino e Paulo Figueiredo também se encontram exilados, com passaportes seus cancelados e contas bancárias bloqueadas. Ambos foram alvos de inquéritos sigilosos, e suas críticas ao STF resultaram em diversas restrições.
Oswaldo Eustáquio, outro jornalista, buscou refúgio na Espanha após ser alvo de mandados de prisão no Brasil. Ele já havia tentado asilo no Paraguai, destacando a busca por segurança fora do país.
Além desses casos individuais, centenas de pessoas que participaram das manifestações de 8 de janeiro de 2023 também buscaram exílio, principalmente na Argentina. Eles enfrentam processos no STF e buscam o asilo político no governo de Javier Milei.
Este aumento no número de exilados brasileiros levanta preocupações sobre a liberdade de expressão e o uso do poder judicial como ferramenta de repressão política. A situação continua a evoluir, com implicações significativas para a democracia e os direitos humanos no Brasil.